dezembro 30, 2010

Doença de Chagas

    Bom, depois de muito tempo sem escrever - a faculdade tomou um tempo gigantesco nestes últimos meses, nos quais ainda venho trabalhando para efetuar o Projeto Rondon - Operação Zabelê no PI, estado para o qual viajarei com mais 07 colegas e duas professoras em Janeiro, e que é um grande sonho se realizando na minha carreira. Não sei se disse anteriormente, mas sou estudante de medicina, estou seguindo para o quarto ano (dizem que é o pior! ai ai ai =]) - Mas então ... como fiquei muito tempo sem escrever por aqui, e também, durante a preparação de algumas aulas sobre parasitoses dentre outros assuntos, resolvi, após visitar um blog, postar um pouco a respeito da doença de Chagas, a qual percebi que ainda hoje é subestimada pela população, a qual não acaba entendendo bem o porquê que em alguns casos a doença não tem cura, ou porquê os rempedios devem ser tomados continuamente.

    As informações contidas aqui foram retiradas de dois locias que me ajudaram muito a levantar diversas questões e aprimorar meus comhecimentos sobre a doença, fora alguns artigos científicos, é claro (sem eles o médico não é nada :]). Pois bem, as referências estarão ao final deste post e sugiro que quem queira aprimorar a leitura visite o site indicado.

    Os tripanosomas já eram conhecidos desde 1841 por causarem doenças em outros animais, como mamíferos e répteis, entretanto, com a descoberta em 1908 de uma nova espécie e um achado clínico em 1909 é que descreveu-se a doença em humanos. Mas, apesar desta descrição simples, a história da doença é bem mais interessante e foi realizada por um brasileiro – Carlos Chagas, que não apenas descobriu o vetor (o que transmite) e o causador da doença, como também descreveu a doença.

Foto de Carlos Chagas tirada em seu laboratório no Instituto Oswaldo Cruz - RJ

    A Doença de Chagas é transmitida através das fezes do inseto barbeiro, que contêm o protozoário Trypanosoma cruzi, o qual interage com as células de defesa do nosso organismo presentes na pele e na mucosa, as formas tripomastígotas (não se assuste com os nomes, cientista é assim mesmo, complicado) se transformam em amastígotas, que vão se dividindo e depois se maturam novamente em tripomastígotas, que invadem o interstício (espaço entre as células) e chegam até a corrente sanguínea.

 Fonte: www.fiocruz.com.br


    O indivíduo contrai a doença quando coça o local da picada e espalha as fezes pelo local da picada do barbeiro, que sempre defeca após se alimentar. (Pois é, além de servimos de alimento ainda somos o banheiro). No local da picada surge um edema e um vermelhidão, chamado de chagoma de inoculação, que quando presente no olho caracteriza o Sinal de Romaña, entretanto em outras formas de transmissão (materno-fetal ou por transfusões sanguíneas) estes sinais não estão presentes.

Chagoma de inoculação
Fonte: Infecção acidental pelo Trypanosoma cruzi acompanhada pela reação em cadeia da polimerase: relato de caso. Artigo presente no link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0036-46652009000500011&script=sci_arttext 

Sinal de Romaña

    Atingindo a circulação o protozoário se espalha por diversos órgãos, tendo preferência em interagir com as células cardíacas e do sistema digestivo. É nesta interação ou quando está presente na circulação que ocorrem as manifestações clínicas, que são divididas em duas partes: fase aguda da doença (com alta mortalidade quando afeta crianças) e fase crônica (que pode não apresentar nenhum sintoma, ou pode resultar nos sintomas mais famosos que são os cardíacos e os digestivos).

    A clínica, irá depender de qual órgão está sendo afetado, quando da doença crônica.
    Acho que neste caso, o mais importante aqui é citar os sinais clínicos principais e a importância de um tratamento adequado bem como da realização de medidas preventivas.

    Sendo assim, no caso da doença afetar o coração os principais sintomas são: falta de ar aos esforços, insônia, edema dos membros inferiores, que pode evoluir para falta de ar contínua, anasarca (edema geral do corpo) e morte. Já no caso da doença afetar o trato digestivo, pode ocorrer: dificuldade e dor ao engolir, dor retroesternal, regurgitação, queimação, soluço, tosse e salivação – no caso do megaesôfago. E obstrução intestinal e perfuração no caso do megacólon (o prefixo “mega” indica grande; cólon é uma parte do nosso intestino esôfago é por onde “desce” o alimento até chegar ao estômago).

Megacólon chagásico

Megaesôfagos chagásicos em diferentes estágios de acordo com a patologia da doença
Fonte: A forma digestiva da doença de Chagas - resenha histórica - autoria de Joffre Marcondes de Rezende
Coração chagásico

    O diagnóstico é simples e todos da família devem fazer! Com relação ao tratamento: “Cada paciente, dependendo do grau da doença e dos órgãos atacados (coração, intestinos e esôfago), recebe um tratamento adequado ao seu caso. Em alguns casos, pode ser necessária a realização de cirurgia nos intestinos. E o paciente com doença de Chagas no coração muito adiantada, que não melhora com o uso de remédios, pode necessitar de transplante cardíaco.”

    É IMPORTANTE EVITAR o cigarro (pois diminui a oxigenação do coração e de outros órgãos, além de causar impotência sexual) e o álcool ( além de causar dependência e atacar o cérebro, fígado e rins, deixa o coração mais fraco!).
Para evitar a doença é preciso:

> Combater o vetor:
            - deixar a casa limpa e sem buracos;
            - não ter animais dentro de casa;
            - deixar borrifar as paredes da casa, o teto, principalmente se a casa for de taipa (barro), e os galinheiros pelos agentes da Fundação Nacional de Saúde – FUNASA;
            - mandar rebocar e caiar as paredes;
            - Se pegar qualquer inseto suspeito, levar ao Posto de Saúde mais próximo da casa dentro de um saco plástico.

> Controle dos doadores de sangue
Nota: "A prevenção é sempre o melhor remédio." - L.A.F.
Referências bibliográficas:
Øde Lana, M.; Tafuri, W.L. Trypanosoma cruzi e Doença de Chagas, Parasitologia Humana.11 ed, pp. 85 – 108. São Paulo: Atheneu, 2005.
Ø Instituto Fiocruz - Doença de Chagas. Acessado em: < http://www.fiocruz.br/chagas/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=1> , 30 de dezembro de 2010.

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